quinta-feira, 5 de junho de 2008

Av. Luísa Todi Séc. XXI

Imagem de marca da nossa cidade, a Avenida Luísa Todi, de nome atribuído em homenagem à enorme cantora lírica sadina do mesmo nome, está cada vez mais bela e misteriosa. Desta feita parece saída de um filme Hollywoodesco para a beirinha do Rio Sado. Os actores principais são os peões e os carros, desafiados a encontrarem, respectivamente, os locais onde pretendem chegar e o lugar de estacionamento mais próximo.

Como figurantes, os proprietários das superfícies hoteleiras do final da Avenida surfam ao sabor da vontade da Setúbal Polis e da sempre muy nobre Câmara Municipal de Setúbal, com promessas da melhor solução para todos, subentendendo-se todos como os dois últimos.

A verdade é que se antigamente tinhamos uma fonte de mulheres nuas a banharem-se em pó e enxofre solto pelos carros e uns golfinhos porcos que teimam em não tocar na água, hoje temos um maravilhoso e único estacionamento ocupando toda a parte final da Avenida onde os nossos amigos arrumadores já são os grandes inclinos e, na verdade, os únicos que sabem porque caminho hão-de ir para sair ou entar em determinada zona. Por outro lado, temos ainda montes de areia, pedra, cimento, chão levantado impróprio para passeios pedonais (talvez daí a promessa de via para cicloturismo) e vedações por todo o lado como se de um processo de desminagem se tratasse. E para cereja no topo do bolo temos um agrafo gigante que serve para bailes brejeiros onde o típico setuvaleiro bebe bejecas de litro e dança até cair para o lado, mesmo tendo de ver o espectáculo com um ângulo de 90º em relação ao palco. Tapando o espectáculo umas barracas sempre elegantes para das mesmas não se ver aquela coisa que pagámos com o nosso dinheiro e conseguiu piorar ainda mais o Largo Zeca Afonso (quando pensava que era impossível, Setúbal consegue sempre convencer-me do contrário).

Se há assunto para o qual posso falar é certamente este, pela formação de base que tenho posso garantir-vos que teremos realmente uma Avenida Luísa Todi Séc. XXI com todas as condições para estacionar o veículo mas perdendo tudo o que a caracterizava desde há muito tempo como a principal artéria da cidade. Deixou de ser a Avenida, para passar a ser mais uma Avenida e isso deve entristecer os setubalenses como eu, que aprenderam a amar aquela que foi considerada como uma das mais funcionais e estéticas avenidas portuguesas. Certamente outras coisas haveria a requalificar (até tenho medo desta palavra pois se é para fazer o mesmo deixem cair as coisas primeiro), começando pela baixa, passando pelos edifícios mais antigos, pelos conventos e parte histórica da cidade.

E o setuvaleiro vai rindo, cantando e bebendo pois as mines ainda não sobem como o petróleo...nesse dia haverá revolta! Até lá, espera-se algo de novo, quem sabe mais cinco lugares de estacionamento amanhã...fazem toda a falta.

Até amanhã!

2 comentários:

J.Aleluia disse...

Apah que insse oh?
Mas a nossavenida né tã linda?
Ainda noutro dia dancei lá um balinhe querra um espectacle! Musica interrnacional do Brrasil e tude miga!
Onlhapá!?!?!?

Unknown disse...

É muito triste, de facto, o que se passa na Avenida. Foi dito e redito por toda a gente, quando se discutiu o Polis, que mexer na avenida era um crime.
depois de se decidir que não se fazia o Polis todo, cumpre-se parte da tragédia anunciada. Imaginem só se as obras tivessem afectado o resto avenida e a frente ribeirinha...

Aquela obra dá e tira. Transforma o fim da avendida em estacionamento dando lugares a quem queira ir aos bares mas, ao que tudo indica, tira as esplanadas aos restaurantes... absolutamente imcompreensível... dá um estacionamento que deixa a placa mais feia e tira o ganha pão aos comerciantes que garantem que o dinheiro dos turistas entrem nos cofres portugueses...

E a obra ainda vai no adro...