segunda-feira, 16 de junho de 2008

Setúbal esquecida I - na sombra do Agrafo Gigante

Há poucos dias, escreveu o mirones sobre as obras que se têm efectuado na Avenida Luísa Tody, dando especial destaque aquela figura ao mesmo tempo imponente e desnecessária que marca a imagem do que hoje se chama Largo José Afonso, outrora Parque das Escolas.

Ora foi no grandioso livro "Setúbal à la minute", da autoria de José Manuel Madureira Lopes (grande setubalense e vitoriano) que pude descobrir algo mais sobre a história escondida desse famoso Largo da nossa cidade.

Segundo este autor, foi a Câmara Municipal que edificou este Largo em 1870 (tem hoje mais de 130 anos) para satisfação d'"os momentos de lazer dos habitantes de Setúbal". Função essa que hoje, ainda que de forma muito pobre vai servindo graças à sua amplitude que permite a realização de diversos eventos, nomeadamente festas com tascas, tasquinhas e bailes. Mas adiante.

Hoje em dia temos ainda, passados 130 anos, na sombra do gigantesco e grotesco "agrafo", ou imitação de "Pórtico da Lisnave", uma fonte de média dimensão, enquadrada por 4 a 5 árvores de alguma idade e com grande imponência. Sublinho, no entanto, a expressão "na sombra" pois a grotesca construção foi construída mesmo junto à fonte, retirando a esta a grandiosidade de outros tempos.

No livro acima referido, o autor conta-nos que "a elegante pirâmide que se encontra no centro do lago pertenceu ao antigo convento dos carmelitas descalços, sendo a primitiva igreja fundada em 1597". No entanto, "pelas suas (n.d.r.: da fonte) inscrições, deu água a 5 de Março de 1414"!


Ora então, Setúbal, cidade massacrada por terramotos e maremotos que destruiram grande parte do seu espólio histórico e artistico, dá-se ao luxo de ter na sombra de um autentico mamarracho uma obra de arte com quase 6 séculos!

Mas não é só isso! Entre o século XIX e XX este era um espaço aprazivel, um jardim com elevado número de árvores (algumas tropicais), que acredito que hoje em dia naquele espaço desse uma enorme cor e vida à Avenida Luisa Tody ao invés daquele espaço estéril e seco.

Em 1930, foi realizada neste espaço a primeira Exposição Regional de Setúbal que pelo seu sucesso ultrapassou "os limites puramente regionais", com uma superficie de 52500 metros quadrados (igual à II Exposição Internacional de Paris).

Foi ainda este local, o espaço onde ficou situada inicialmente a "glorieta" em honra de Luísa Tody (1933) que hoje podemos encontrar junto ao Governo Civil de Setúbal, do outro lado da Avenida.

Mais recentemente foi também aqui que se realizou parte substancial da Feira de Santiago, até a mesma ser movida para outro local por razões já sobejamente conhecidas.

Finalmente deu-se a construção do "agrafo gigante" que envergonha os setubalenses e quem por cá passa.

Uma vez que tanta coisa por lá passou e saíu, umas boas, outras más, e a fonte sempre foi, misteriosamente ficando no mesmo local, resta-me esperar que um dia ela tenha o mesmo destaque que outrora teve e o tal "agrafo" vá desta para melhor.

Volto a destacar a magnifica obra que me serviu de base para este texto (e imagem) e servirá certamente para outros - "Setúbal à la minute" - que podem (e devem) adquirir, por exemplo, na livraria Hemus em Setúbal.

1 comentário:

Mirones disse...

Apa soice, é tã benite o agrrafe man. Só pa quem na gosta de mines e jarrdas é quaquilo né bom chórrrinçeee. Atum agente tem agorra um farrrol em plena cidade e ainda dizem quaquilo né benite? Aquilo é muto setuvalerre.