quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Festa da Tróia

Caros amigos setuvaleiros,

Após umas férias merecidas (é verdade, eu também as tenho), cá venho para vos falar de um certame bem famoso pelas nossas bandas e que ocorreu no passado fim de semana: a mítica Festa de Nossa Senhora do Rosário de Tróia.

Faz muitos anos (antes da SHONÉ ter tomado conta da Tróia) que eu e a minha familia acampávamos meses a fio na Caldeira. De tendas em punho, colchões, fogões a gás, mesas, cadeiras, geleiras e tudo o que um setuvaleiro precisa para se sentir em casa, lá apanhávamos o mítico barco para tróia...quem não se recorda do velhinho Expresso:

Fonte: http://www.lugaresesquecidos.com/forum/viewtopic.php?f=12&t=948
Do grande Rápido:

Fonte: http://vistasdoriosado.blogspot.pt/2008_07_01_archive.html
Do sempre adorado Mira Tróia (do qual só encontrei a imagem do Camber Queen - antes de ser Mira Tróia):

Fonte: http://www.simplonpc.co.uk/IOW4.html
Do bonito Mira Praia:

Fonte: http://www.flickriver.com/photos/andrediaslopes/tags/troia/
O gigante Mar e Sol:
Fonte: http://barcosnoriosado.blogspot.pt/2007/09/mar-e-sol.html

Ou dos convencionais (Rio Azul) que partiam do Cais da Beira-Mar:
Fonte: http://www.ptnauticmodel.net/Shipspotting/displayimage.php?album=28&pos=13
Os mais antigos ainda me recordam o tempo em que faziam a travessia no Rio através de hovercraft:
Fonte: http://fotos.sapo.pt/setubalvistapormim/fotos/?uid=5QALOv2RAos8zC8igwYy


O que importava era mesmo fazer a travessia até perto da Capela ou no lado oposto onde milhares de pessoas estendiam os seus bens e as suas tendas e onde a confraternização era nota dominante.
Muitos anos se passaram e muita coisa mudou, agora já não permitem estadias prolongadas, a festa tornou-se em algo metódico e perdeu um pouco o estigma que tinha desde sempre.

Por um lado compreendo que as condições de higiene e salubridade eram muito fracas e que alguma coisa tinha de ser feita. Obviamente que nunca foi feito praticamente nada e as condições são quase as mesmas, apenas não sendo permitidas estadias prolongadas.

As procissões de Setúbal para Tróia e no sentido oposto, com centenas de barcos a atravessar o sado, transportando as imagens dos santos são os momentos altos de algo que tem tudo de festa setuvaleira.


Fonte: http://www.gov-civil-setubal.pt/noticia.php?cod=4A990CE54124B
Recordo-me, nos tempos em que ia à festa da tróia, dos bailes junto à capela, do jogo do pato, das enormes cafeteiras que o setuvaleiro tinha e da batatada em que quase sempre acabavam as festas, não fosse o Manel deixar a sua Maria e ir "dançar" com outras!

Recordo-me do perigo que era por os pés dentro de água, quer pela quantidade de carangueijos, quer pelas fateixas dos barcos, quer ainda pela lama que engolia literalmente uma pessoa menos precavida.

Ameijoas, berbigões, navalheiras, carangueijos, eram petiscos fáceis e acessíveis. Em muitos casos era só espalhar sal ou deitar a mão e aí estavam eles.

Muitas pessoas acabavam a dormir na tenda errada, tal era a cafeteira depois de litros de mines e vinho tinto bebidos...tempos que não voltam mais.

Recordo-me ainda (eu que ficava na parte da frente da Tróia) do domingo da festa, em que pelas 8h chegava à praia, colocava a tenda e partia rumo à Caldeira para acompanhar a procissão...cumprimentando aqui e ali amigos, vizinhos e companheiros de outros tempos...

Para mim a festa não é mais o que já foi, um pouco à imagem da própria Tróia e das pessoas (amigas, familiares ou simplesmente conhecidas) que infelizmente já partiram. Mas acredito que o sentimento de quem lá vai permanece...é isso que ainda não fez morrer esta festa popular!

Um abraço!

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